quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

“E, então, ela decidiu mudar. Jogou fora todas aquelas roupas antigas, no qual, não sentia bem em usá-las, jogou fora todos aqueles sapatos velhos, e decidiu comprar uns novos. Trocou todos os livros daquela instante empoeirada, decidiu limpar a bagunça do porão que ninguém entrava a séculos. Resolveu fazer o que diziam por aí: renovar. Pensou em mudar o corte do cabelo e trocar tudo do guarda-roupa amontoado de coisas inúteis que ela nem sequer usava. Pensava “pra quê?”. Pensando bem, tudo aquilo era inútil mesmo. Talvez era o melhor modo de recomeçar, mais aceitável do que ficar no quarto sem fazer absolutamente nada, esperando as coisas acontecerem por ela. Decidiu mudar todos aqueles esmaltes todos sem cores, sem vida, que só comprava pra deixar lá, guardados, pensava assim “qualquer data especial, eu os uso”. Mas todas as vezes que tinha algum compromisso, sempre tinha a mesma desculpa “não vou, não estou afim.” Mas era tudo mentira, todo mundo sabia, que ali, dentro dela, ela não queria mostrar o que realmente havia, e o pior, não queria mostrar isso á ninguém, escondia pra si. Ela nunca contou o que deveria ter contado. Nunca podia se expressar, nunca podia ser ela mesma. Dizia pra si “foda-se” mas no fundo, continuava se importando. E era tudo por causa dele, daquele maldito filho da puta. Por que a prendia tanto assim? Em si? Já estava na hora mesmo de acabar com isso. E então, ela caiu na real. E decidiu mudar. Decidiu sair dessa vida triste, dessa mesmice, desse clichê de sempre. Cansou de ouvir as mesmas músicas que lembravam ele, cansou de tudo. Jogou fora todas as fotografias antigas e decidiu tirar umas novas. Acima de tudo, ainda estava confusa, perdida e assustada. Mas ela tava mudando, não tava? Decidiu até alugar um filme novo pra assistir, sem ser esses de amores correspondidos, alugou um de comédia, só pra poder reviver um pouco. Decidiu até mudar o cardápio do jantar de hoje, aliás, hoje era um dia especial, ela estava mudando. Decidiu que iria mudar de emprego, até porque, odiava o emprego antigo. Disse pra si mesma “vou fazer o meu mundo, como bem entender, assim, vou viver, do meu jeito.” A partir de hoje, ao invés de esperar alguém vir arrumá-la, ela arrumava do seu jeito. E quem quisesse entrar em sua vida, que entrasse e que se acomodasse, mas que não decidisse mudar nada, como ela mesma avisou: “vai ficar desse jeito aí mesmo, não mudo por nada, nem ninguém.” Ariel S. (doceinverno)

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